Com a tua presença os dias mingavam, todos os segundos vividos ao teu lado se dissipavam com uma velocidade fogosa, em que o seu único lastro era apenas a sensação de devaneio que largavas em mim. Foste embora – mais uma vez – e os dias agora – mais uma vez - são um lastro de luz intensa que se atrasa em apagar, tal e qual como o brilho inocente que os teus olhos testemunhavam. Tornaste-te no vazio da minha consciência, pois sempre que me tento sentir no vazio da minha mente, apenas a tua imagem me ocupa o negro da alma. Sinto-me um estranho, num corpo que não é o meu. Mas tudo isto é estranho sem o calor que me proporcionavas cada vez que os teus braços desenhavam uma elipse em volta da minha cintura. Não reconheço o toque da minha pele, o meu aroma, nem sequer o meu andar desorientado pelas ruas desta cidade. O silêncio faz me pensar em ti, as vozes despertam o meu desejo por ti. A luz relembra-me o teu calor, o escuro o teu sabor. Não entendo como te tornaste no meu tudo e no meu nada, no amor e no ódio, em todos os sentimentos e emoções opostos e em simultâneo. Adormeço com a esperança que o meu pensamento se desligue de ti. Mas mais uma vez tu mergulhas nos meus sonhos, e é apenas mais uma noite em que prefiro não dormir…
fotografia e texto: Natacha Batista
Sem comentários:
Enviar um comentário