quinta-feira, 13 de maio de 2010

Desabafo I - O amor devorou-me a alma



Caminho pelas ruas de calçadas antigas, que por acaso estão como as deixei no dia anterior, enquanto que as lágrimas traçam outro caminho pelo o meu rosto. Poderia a felicidade ser tão irreversível quanto isto, não seria bom que este sentimento fosse uma peça constante como o azul que pinta o céu? Seria, mas talvez assim não lhe concedêssemos a veracidade do seu valor. A felicidade é tão valiosa pelo simples facto de ser rara e momentânea, e quando esta termina, chegamos à conclusão que a chama do presente deve ser aproveitada até que a brisa do fim da noite a transforme em meras cinzas. Cinzas que metaforicamente representam as memórias que a nossa mente guarda numa espécie de caixa sem tampa inalcançável, pois muitas das vezes quando a queremos alcançar para incendiar todas as lembranças, ditas indesejáveis, esta se dissipa no amargo da alma humana. Talvez seja uma prova que todos os momentos localizados no passado façam parte do nosso presente, pois todos os segundos que presenciamos contribuem para a concepção do nosso ser, daí que seja impossível desligarmo-nos do passado, por muito mau que as suas experiências possam ter sido.
E se o passado não pode ser esquecido, é possível respirar brandamente num presente em que as consequências deste nos transformaram o sono em insónia, a fome em sede de sangue e a vontade de viver numa força enfraquecida de vontade? Sim, é possível, pois por muito mais que um ser possa estar morto interiormente e com uma alma devorada pelo verbo amar, existe sempre um mundo exterior que nos puxa para a vida.

fotografia e texto por Natacha Batista

2 comentários:

  1. eu sei, eu sei.. obrigada!
    "por muito mais que um ser possa estar morto interiormente e com uma alma devorada pelo verbo amar, existe sempre um mundo exterior que nos puxa para a vida."

    gostei do blog, beijinho (:

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  2. nem o azul do céu é constante, fará o sentimento!
    forte és tu, forte é o teu sentimento, forte é a rapariga que está dentro de ti miuda.

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