Já não sei escrever. A inspiração que me delineava as curvas das letras que ocupavam as leves folhas em branco era apenas fruto do meu amor por ti. Já não te amo, mas também já não sei quem sou. E será que alguma vez soube? Quero o vento e a sua virtude de alastrar consigo todos os elementos leves que vagueiam na rua. Que leve também agora o meu corpo, cheio de vazio, morto de vida. Quero ser a última folha de Outono no chão, terminando um ciclo vicioso. E depois disto tudo, quero renascer. Quero ser o primeiro casulo a desabrochar nesta Primavera. Cansei de mágoas, choros, desesperos, depressões...de ti. Morreste na minha mente, mataste-me a inspiração, pois talento nunca tive. Sempre fui isto: um baralho de folhas em branco, um vazio confuso. E como é que um vazio pode ser confuso? Da mesma forma como não saber quem sou me devora o pouco de alma que me resta.
2008
Sabes bem que tens talento e como qualquer pessoa dotada de tal dom, necessitas de inspiração, de uma força superior a ti mesma que te faça escrever. És uma excelente artista, tanto nas artes plásticas como na vertente poética. O teu traço, tal como no desenho, na escrita é único e singular. Uma mistura de essências e especiarias escolhidas a dedo sempre com o teu toque pessoal. És única.
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