Ela não é poeta. Ela não é rima, não é citação, não é obrigação. Isto tudo não se trata duma escrita lúdica, mas sim dum desabafo da intensidade problemática. A delicadeza habita nos seus gestos. O olhar tornou-se efêmero devido à agressividade melódica do amor.
As pessoas lhe apontam o dedo discriminando seu isolamento social tanto como sua loucura passional. Ninguém a entende, como se sua personalidade se tratasse dum vírus de fácil contágio e todos temessem uma eventual epidemia. Seu espírito mergulha no céu estrelado, dando a entender que o sonho resolve todos os nós da garganta. No entanto, tal acto apenas se transforma numa fuga ao quotidiano áspero e tirano que se faz sentir.
Por tudo isso, ela preferiu viver num mundo fora dos mundos. Travou laços de amizade com as estrelas, e apaixonou-se pela lua. O outro lado do céu fora descoberto por uma mera mortal. Durante o dia, ansiava pela noite, pois as saudades já lhe consumiam a alma e quando, mais tarde, o sol se escondia no horizonte, tudo regressava: as estrelas, a lua... o sonho.
O tempo tornou-a numa espécie de astro intocável, pois já nem o amor tinha capacidades para lhe tocar o coração. Até que um dia, um dia, o olhar esmeraldino regresse e a paixão lhe torne a consumir a liberdade excêntrica típica de aquariana. Agora perguntemos se o astro se encontrará demasiado distante, inapto para sustentar tanto brilho proveniente dum simples e mortífero olhar.
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