domingo, 12 de setembro de 2010

Desabafo VII - Insónia


O calor percorre-me a minha pele gélida e húmida pela tua ausência. Hoje sinto o teu brando respirar a levar-me os cabelos, o teu toque a cerrar-me as pesadas pálpebras dos olhos, que rapidamente se encarregam de mergulhar em leves sonos em que todo o enredo se resume ao teu brilho efémero. Não sei bem como anda a minha cabeça, muito menos quanta carga do meu físico se sumiu com a amargura em que os dias se tornaram quando o teu sorriso se evaporou entre um buraco negro sugador de vidas. Tento alargar a distância que vai da minha alma à tua, fujo para novas culturas, mas nenhuma delas me ensina a capacidade (poderá ser uma virtude?) de esquecer memórias que se transformam em pequenos frames anteriores à acção acutal. Não sei sequer se te amo ou se o teu silêncio arrancou as raízes desse sentimento instável do meu peito. Mas de todas as dúvidas que enchem o pouco de alma que me resta, uma certeza de viver me aquece os vasos em que o meu sangue corre. A insónia é a alma quente adormecida, onde o frio do nosso corpo nos congela a mente. Tornamo-nos em blocos de gelo pesados pelos vazios que nos preenchem, mas na realidade a falta de sono é o único elemento que ocupa os cortes entre a luz e a escuridão, entre a tua ausência e a tua presença...

2 comentários:

  1. "A insónia é a alma quente adormecida, onde o frio do nosso corpo nos congela a mente." concordo! Parabéns, continua

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  2. Olá, Natacha! Estou contente por ver que tens um blogue e que nele colocas a tua linda escrita, ainda que deixes passar bastante luz que sai da janela da tua alma...É bom poder comunicar a partir destas plataformas móveis, mas cuidado com a privacidade dos nossos sentimentos! Fala-te com algum aviso o teu professor de Filosofia (que não é ex, porque nestas matérias não há ex!). Um beijinho e ate breve. José Melo

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