domingo, 13 de junho de 2010

Para toda a Comunidade (e não só) da Escola Artística de Soares dos Reis:

Hoje, novamente, acordo revoltada com diversas circunstâncias que ocorrem sistematicamente no estabelecimento de ensino em que frequento. Tal local é um bom exemplo de certas mentalidades cultivadas já na adolescência, que irão tornar Portugal em algo pior, relativamente ao estado actual deste. É óbvio que não irei falar na totalidade dos alunos, uma vez que não pretendo julgar ninguém por uma minoria (ou será maioria?), dado que acredito nas grandes competências artísticas, e não só, dos alunos desta comunidade da Escola Artística de Soares dos Reis. No entanto, é necessário alertar certas atitudes e acções não morais de certos alunos que estão a tornar esta escola épica num estabelecimento completamente banal em que os alunos mergulham num mundo de ilusões, aparências e falsidades. Não pretendo fazer moral ao dizer o que é certo e errado, apenas desejo questionar-vos acerca do que é pior ou melhor para a Soares dos Reis, sendo que o meu grande objectivo é ajudar-vos a reflectir sobre uma nova geração que se integrou na escola, tentado encontrar novas soluções para que possamos manter os valores históricos da Soares dos Reis e para que esta não se evapore em pleno século XXI.
Reconheço a minha curta frequência na escola e o facto de não ser a melhor pessoa para falar sobre este assunto. Não obstante, estou aqui a tentar comunicar-vos o que num ano me chegou para dar conta da existência de uma maré de determinados alunos focados nas aparências. Especificamente, uma grande parte destes procurou a Escola Artística pelo seu bom ambiente e extenso currículo e prestígio na área das artes, não porque deseja desenvolver as suas competências artísticas, mas porque se considere que actualmente frequentar uma escola de artes se trata de algo “cool”. Aqui começa todo o problema. Estes alunos não têm amor à arte, logo nunca irão conseguir desenvolver a sua veia artística, isto é, se chegarem a ter uma... Então começam os comentários negativos e adjectivos como “secante” a qualificar a visita a exposições, museus e obras arquitectónicas com grande valor na História da Arte. CHIÇA, mas quem vos mandou vir para cá? Seus supostos amantes de Arte e bem entendidos em tal, quem vos manda vir para cá se acham as aulas uma seca e ficam cá fora no portão a pastar a toura? Se desejam ser sociais dessa forma, o recinto escolar é público e não é necessário ocupar vagas que mereciam ser preenchidas por pessoas que valorizem realmente o facto de frequentar uma das melhores escolas de arte a nível europeu. Daí que alerto o modo de selecção dos alunos. Sei que actualmente é a nota de Educação Visual e Educação Tecnológica do 9ºano que determina a entrada ou não entrada na Soares dos Reis. Mas será o suficiente? Conheço individualidades que nessa nota numa escala de 1 a 5 atingiram o 5, sabe se lá porque, e actualmente apresentam média negativa, não só a desenho, como também a outras disciplinas. Contrariamente,também conheço pessoas com imensas competências artísticas que não conseguiram entrar na escola dado que em vez de E.V. ou E.T. tiveram outra disciplina. Em suma, seria uma boa ideia pensar em realizar uma espécie de prova de aptidão para os alunos que desejam ingressar neste estabelecimento de ensino, de forma a que a Soares dos Reis ficasse a ganhar com os seus alunos, e estes também com uma oportunidade para trabalhar naquilo que realmente lhes faz palpitar os corações: A ARTE!
A verdade é que com a inexistência desta prova, a escola conta coma presença de alunos que fingem ser algo que na realidade não o são, tentando se integrar numa escola através de vícios e uma nova forma de vestir dita mais artística. Pois bem, lamento desiludir-vos mas é o nosso interior responsável pela criação de qualquer artefacto, e não o facto de nos vestirmos de uma forma mais artística que nos vai conceder melhores competências.
Terminando a minha reflexão, sublinho a ideia de uma nova selecção dos alunos para que nos tornemos numa comunidade mais justa e unida, que embora com metas diferentes, todas elas partilham o mesmo caminho: a Escola Artística de Soares dos Reis.

6 comentários:

  1. não sabia que estavas na Soares dos Reis, nem que eras do Porto. eu não ando na Soares (embora, por vezes, gostasse e, se tivesse agora no 9.º consideraria a Soares uma opção, algo que não pude ter na altura) mas conheço vários tipos de pessoas que lá andam e reconheço o tipo de pessoas a que te referes. esse problema nem se passa só na Soares mas quase em todo o lado que tenha artes visuais. neste ano que passou houve uma maré de gente que de repente optou pelas artes simplesmente porque "ah e tal é mesmo fixe" e que, depois, quando confrontados com uma simples pergunta como "fala-me do estilo barroco" ou "com que estilo te identificas mais?", nem sabem responder. poucos deles sabem sequer o que é a arte, quanto mais.

    by the way, a música que tens aqui no blog é tão bonita.

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  2. ora....aí mesmo natachinha!

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  3. ok, este texto é tudo o que eu penso. não te conheço mas és "genialmente" genial.

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  4. Olá Natacha, vim parar ao teu blog por acaso, e este texto fez-me pensar o quando andava/entrei para a soares e concordo completamente contigo, sabendo que a forma de admissão dos alunos outrora se fez através de um portefólio, ainda não há muito tempo, mas o governo leva com as culpas, mais uma vez, porque foram eles que devido a reformulação do ensino secundário, mudaram os critérios de admissão na Soares.

    Beijos, e felicidades por esse canto de Alegrias e Tristezas que nos fez e faz realmente gente grande (mais a uns do que a outros).

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