terça-feira, 1 de setembro de 2009

hoje não existem




Palavras.
O silêncio navega nas ruas de Lisboa, repousa na sombra.
As sombras tornam-se lares, a poesia adormece nos leves galhos dos carvalhos. O que é das palavras nesta rua da capital? “Elas voaram”, diz o pintor. Traços tão leves com o pincel faziam escorrer a tinta pela folha de papel, tão dóceis as suas mãos...
Uma voz ingénua soltou-se no pequeno jardim, “Eu quero uma... mas não tenho asas pra voar”.
O pintor levantou o olhar. Os seus olhos ternos de cor de avelã tinham uma expressão solitária e magoada... Eu vi a lágrima soltar-se, a sua expressão era cinzenta. Eu vi, um poeta que o tempo esqueceu, sua íris se afogava em memórias que se tornaram intocáveis na sua vida. A mente imergiu em algo longínquo... Depois, uma clara frase pronunciada com um tom discreto pairou naquele lugar:
“Um dia vais voar sem levantar os pés da terra. Nesse dia, terás descoberto uma palavra: o amor”
texto e fotografia por natacha batista

3 comentários:

  1. Cidade de Lisboa é linda como tal torna o texto ainda mais mágico.

    Elo.

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  2. «Um dia vais voar sem levantar os pés da terra. Nesse dia, terás descoberto uma palavra: o amor.» adorei, escreves muito bem, parabéns e desculpa a invasão. beijinhos

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